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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Desmentindo a Mídia:
PLÁSTICAS, VITILIGO e HOMOSSEXUALIDADE


“Se você modela a sua vida de acordo com a natureza, nunca será pobre; se de acordo com as opiniões das pessoas, nunca será rico. [...] Não há nada que nos provoque problema maior do que o fato de aceitarmos um rumor, pensando que aquilo que ganhou tão ampla aprovação é o melhor, e que, como temos tantos a seguir como bons, vivemos pelo princípio não da razão, mas da imitação” (Sêneca).

A palavra dita jamais poderá ser recolhida, ainda que desmentida; o que leva a maledicência ao patamar de um dos maiores cânceres da Humanidade.
Formadora da opinião pública, a Imprensa torna-se uma arma quando não prima pela ética, pela apuração minuciosa de suas reportagens junto a fontes confiáveis, pela fidelidade aos princípios da verdade que não se coadunam com “achismos”, denúncias sem fundamento, suposições e insinuações vazias e inconsequentes. Não existe, sequer, o cuidado de desmentir o publicado quando não se confirmam as denúncias ou se inocentam os acusados. Isso porque a cultura do negativo é a tônica que garante a audiência e a vendagem de noticiários: a Humanidade ainda se alimenta de lixo mental.
Mais grave se faz quando notícias são propositalmente manipuladas e alteradas de sentido para produzir sensacionalismos e angariar projeção profissional. É um segmento que age de maneira mafiosa, criminosa, com o único intuito de criar escândalo para vender jornais e revistas e para ganhar audiência em rádios e televisões. Infelizmente, isso não é raro em nossos dias. Diríamos até que é comum.
Andréa Faggion, em artigo publicado em 2009, diz:
Alguém disse que o Estado não seria composto apenas por três poderes, haveria um quarto: a imprensa. Na verdade, o quarto poder seria aquele a legislar soberano sobre os outros três, julgando a todos diante dos olhos do público para que este, docilmente, executasse sua vontade. [...] A imprensa contou a história de Michael Jackson, o menino negro de infância difícil que, pelo talento genial, conquistara as maiores glórias, para então ser condenado por ousar realizar sonhos com os quais simples mortais não ousariam fantasiar. Enlouquecido pela fama, com a sanidade, o menino perderia também a felicidade e veria escapar de suas mãos, uma a uma, todas as suas conquistas. Morreria obscuro para que cada um de nós, diante de seu exemplo, não ousasse querer voar tão alto. (FAGGION – 2009).

O VITILIGO:
Tudo começou no final da década de 80, quando a pele de Michael começou a clarear. Inadvertidamente, a imprensa sensacionalista americana, logo imitada pela mundial, espalhou a notícia de que Michael Jackson estava fazendo tratamento para branquear a pele porque tinha vergonha de ser negro. Acusações de “racista” não faltaram.
Tempos depois, o artista veio a público dizer que sofria de vitiligo (doença degenerativa incurável que provoca a despigmentação da pele e dos pelos) e que nada poderia fazer. Médicos dermatologistas atestam que o único tratamento viável no caso é a despigmentação do restante da pele normal, que é cada vez mais escassa à medida que a enfermidade avança. Fotos em close e takes de vídeos mostram nitidamente as manchas na pele do cantor, mas a imprensa nunca divulgou ou notou isso, antes que ele o dissesse.
Mesmo após as explicações dadas, em entrevista de maior audiência em todo mundo, no programa da apresentadora norte-americana, Oprah Winfrey, em 1992, os tabloides continuaram lançando dúvidas sobre as palavras do astro, e a massa popular, acostumada a pensar e agir sob a manipulação do lixo midiático, o continuou rotulando de racista.
Michael desabafou:
Isto é tão estúpido! É a mais ridícula e horrível história que eu já ouvi. Isso é loucura! [...] Sou um americano negro, sou orgulhoso da minha raça, sou orgulhoso de quem eu sou. Eu tenho muito orgulho e dignidade. Isso faz algum sentido?
Em primeiro lugar, que eu saiba, não há nada que embranqueça a pele. Eu nunca vi isso, eu não sei do que se trata isso. Esse é um problema que eu não posso controlar..., mas, e quanto aos milhões de pessoas que se sentam ao sol para parecem mais escuras, para parecem quem não são. Ninguém fala nada sobre isso.
A pele começou a mudar algum tempo após Thriller... em torno de Off The Wall..., Thriller..., algum tempo em torno disso. Está na minha família, meu pai disse que é do seu lado. Eu não posso controlar isso, eu não entendo! Isso me deixa muito triste. Eu não quero falar sobre meu histórico médico porque é pessoal, mas é a situação até aqui. Nós tentamos controlar usando maquiagem contra isso, porque causava manchas na minha pele. Eu tentei igualar a minha pele. Mas sabe o que é engraçado, por que isso é tão importante? Isso não é importante pra mim. Eu sou um grande fã de arte. Eu amo Michelangelo, se eu tivesse uma chance de falar com ele ou ler sobre ele, eu gostaria de saber o que o inspirou a ser o que ele é, a anatomia de sua destreza, e não com quem ele esteve na noite passada... O que há de errado nisso? Eu sei que isso é o importante pra mim.
Se a mídia dita séria não pecou pela difamação, pecou pela omissão, pois não se deteve a investigar a veracidade do que simplesmente reproduzia por “ouvir dizer”. E, após desmentido a falsa acusação, também não teve a dignidade de divulgar com a mesma dedicação com que ajudou a difamar.






HOMOSSEXUALIDADE:
Para melhorar a aparência que o branco incomum da doença conferia ao seu rosto (e também para honrar seu passado egípcio), Michael usava maquiagem nos olhos, lábios e sobrancelhas, o que lhe rendeu mais uma peja, a de homossexual e afeminado; a insinuação irresponsável que virou rótulo.
Todos os seus envolvimentos afetivos que vinham a público eram tidos pela mídia como falsos, somente para disfarçar a sua homossexualidade, ou o seu suposto envolvimento com crianças. E o que é que nos importa a sua opção sexual? Em que isso diminui a sua genialidade artística? Michael declara a Ophra Winfrey, em 1992: “Existe tanta sujeira e lixo escrito sobre mim! A pressão é muito grande... Deus... é terrível; histórias horríveis...! Isso me faz crer que quando você escuta muito uma mentira, você começa a acreditar nela”.
A paranoia midiática foi tamanha que, em 1978, surgiu o maldoso boato, espalhado por um tabloide inglês, de que Michael havia mudado de sexo. A repercussão foi tão imediata quanto danosa e Jackson sofreu por anos seguidos. Ele se lembra, com tristeza, de fatos que ocorreram na época, como este relato:
Uma linda garota com cabelos loiros estava tentando o máximo que podia para me beijar - lembra Michael - Ela disse: ‘você é tão sexy, me beije’. Quando eu não demonstrei nenhum interesse nela, ela disse: “O que há de errado, sua *****?” e saiu andando. [...] Há uma razão pela qual eu fui criado homem. Eu não sou uma garota. E o que me mata mais e me faz querer cair em lágrimas é quando criancinhas, de sete, oito anos, vêm me perguntar isso. Eu digo não e, por favor, diga a todos os seus amigos que não é verdade.

Michael apenas não era um fornicário contumaz, como a maioria de nós, seres tridimensionais. Não tinha essa compreensão rasteira de algo tão sublime.
Michael é um Ser de Luz de alta magnitude e, como tal, não vê e sente a energia sexual como uma mera satisfação de necessidade física, como comer, beber, ir ao banheiro...
Para um Ser Iluminado, sexo é a celebração do amor divino na fisicalidade... é alquimia!
E aqueles que julgavam Michael um afeminado, um assexuado, um homossexual, nem sabem o que é isso! Não podem mesmo alcançar essa visão e compreensão.
É o conceito egoico de: se fulano não pensa e age como eu, ou como a maioria, então ele está errado... é uma aberração...
Não...! É apenas, no caso de Michael, uma brutal diferença de nível de consciência.
─ Eu não saio com fãs, porque não quero usar da minha fama para conseguir qualquer coisa ─ dizia ele.
Mas era mais do que isso e Michael não podia dizer, sem chocar ainda mais os humanos comuns.




AS PLÁSTICAS:
Ah, as plásticas! Para a mídia sensacionalista Michael é um sujeito obcecado por operações plásticas como se, no mundo artístico, isso não fosse comum. E não é segredo para ninguém que artistas de Hollywood são os recordistas mundiais de mudar a cara, os seios, as nádegas e partes do corpo que nem é recomendável citar. Mas Michael Jackson não pode fazer plásticas por que é uma afronta aos tabloides. Michael não mexeu em suas mandíbulas, nem no maxilar, nem rasgou a boca como disseram. Basta olhar para sua formação facial desde que se tornou um rosto público que veremos bem nítidos o formato quadrado do maxilar e as mandíbulas salientes. Claro que, jovem, os músculos da face encobriam tais saliências, mas os anos fazem os músculos afrouxarem a elasticidade e ceder cavidades antes não visíveis.
No nariz ele mexeu várias vezes e é seu direito mexer em qualquer parte do seu corpo. Se ele quiser colocar o nariz na testa ele pode e, se isso o transformar em uma aberração, é problema dele; não está fazendo mal a ninguém.
Todos em Hollywood fazem cirurgia plástica! ─ Ele rebate. ─ Eu não sei por que eles miram em mim. A imprensa exagera. É apenas o meu nariz. Eles querem que seja tudo. Só o nariz não é suficiente. Elvis operou o nariz... eles não falam sobre isso. Eles só apontam para mim. Não é justo. (TV Guide - 1999). Nunca fiz bochecha, nem olhos, nem lábios, nunca fiz lixamento de pele nem descasquei. Se fossem verdade, eu afirmaria, mas não são. Eu mexi no nariz e fiz um furinho no queixo, só isso. É minha cara e eu que conheço. (JACKSON-1988)
E essas fotos comparativas comprovam a veracidade de suas palavras.






Jackson sofreu todo tipo de prejulgamento e condenação que se pode imaginar, sendo taxado de homossexual, pedófilo, racista, pirado... quando ele é apenas um ser humano incomum, não-trivial, não-óbvio, não-manipulável, não-amordaçável. Ele vive a sua verdade independente do que as pessoas pensam ou dizem. E esse comportamento incomoda a sociedade. Eu diria até que causa inveja porque são raras, mas muito raras, as pessoas com coragem suficiente para bancar-se a si mesmas, contra tudo e contra todos.
Ele comenta com o rabino Schmuley Boteach: “O tema do meu show é: seja gentil, cure o mundo. Vamos sair daqui como seres humanos diferentes. Vamos amar. [...] Eu faço isso através da música e da dança. Marylin Manson diz no palco: ‘Mate Deus... pega a Bíblia deles e rasguem...’ E a imprensa não o ataca! E ele tem seios como as mulheres...”.

Faço aqui uma pausa para registrar o depoimento de Glória Maria, repórter da Rede Globo de Televisão, à revista “Quem Notícias”, logo após a “morte” de Michael Jackson, reconhecendo publicamente os erros de julgamento da mídia que não exerce o seu papel social, que seria noticiar um fato, tendo antes buscado verificar a veracidade do mesmo, informando-se em fontes seguras e não em informações da mídia criminosa. Glória faz, também, um emocionado depoimento da descoberta do ser humano que há dentro de Michael Jackson; ser humano que, diga-se de passagem, é transparente como água, mas que as pessoas, armadas de uma maldade gratuita, não conseguem enxergar.
Comigo, as coisas não são normais. Eu não entrevistei o Michael Jackson (quando ele rodou um clipe no Brasil, em 1996), foi ele que me entrevistou. Eu o acompanhei quando gravou na Bahia e fiquei negociando para ver se ele falava comigo. Estávamos no Pelourinho e o Michael viu o carinho do povo comigo, então, disse que conversaríamos no Rio. Quando chegamos, subi a favela e a gente ficou conversando uns 20 minutos. Ele me perguntou como tinha sido o meu início. Contei que vim de uma família pobre, mas que tinha conseguido estudar. Ele queria saber se não havia discriminação e racismo no Brasil. Respondi que sim e ele ficou muito interessado em saber mais. No pouco tempo que fiquei com ele, tive um vislumbre do ser humano bacana que era.
Vi o seu braço e pedi para passar a mão. Ele tinha uma pele muito fina e dava para ver que o corpo era todo tomado pela doença, o vitiligo. Como tinha pouquíssimas partes mais escuras, realmente seria mais fácil clarear o pouco que restava de escuro. Aí, notei um buraquinho no nariz dele e vi que ele ficava sempre com uma gaze tampando. Perguntei o que era aquilo e ele disse que foi consequência da segunda cirurgia que fez, porque tinha um desvio de septo e que, por causa disso, ficou com uma infecção crônica no nariz. Naqueles poucos minutos, alguns dos tabus que todo mundo tinha, para mim, acabaram. Fiquei triste comigo mesma por ter entrado nessa história que todos comentavam sobre o seu embranquecimento (grifo nosso), por ser uma coisa alheia à vontade dele.
Quando Michael terminou a gravação, fiz a passagem e ele ficou quietinho, humilde e com cara de bobo, esperando eu falar, mas sem entender nada do que eu dizia. E fez a declaração, dizendo “Eu amo o Brasil”. Foram várias surpresas em um encontro curto. Vi que era uma pessoa frágil, simples e sem frescura. No final, ele me puxou, me abraçou e me beijou. Aquele mito de que ele dormia numa bolha caiu. Eu estava imunda, cheirando mal, e ele me abraçou sem nojo, sem restrição.
O que me impressionou muito foi o olhar dele, de tristeza, o tempo todo. Só vi o olho dele brilhar, parecendo criança, quando estava com o Olodum. Michael pulava, corria de um lado para o outro, no Pelourinho. O Spike Lee, que era o diretor do clipe, nem o dirigiu, só captou a espontaneidade dele.
Fui pega de surpresa com a notícia da morte do Michael. Tive uma sensação de tristeza profunda. Ele foi um ser humano que não conseguiu ser feliz, não conseguiu ter serenidade na vida, apesar de ser um ídolo mundial. Todo mundo sabe que a vida dele, desde que nasceu, foi puro sofrimento. Esqueceram a pessoa que estava ali e, pelo menos para mim, ele demonstrou ser muito generoso. Para mim, ele não foi um ídolo, pois só gostava da música dele na época dos Jackson 5, mas, como ser humano, sempre me intrigou. Eu tenho identificação de alma com ele. Somos duas pessoas que, cada uma à sua maneira, conseguiram vencer."






Então, Glória Maria, e toda a imprensa do mundo: grande parte do sofrimento de Michael foi orquestrada pela maldade da imprensa sórdida e pela inapetência da imprensa dita séria. Muito, mas muito sofrimento suportado por esse grande Ser poderia ter sido poupado se a imprensa tivesse exercido o seu papel com a dignidade que a profissão exige. Lamentavelmente, o que se viu foi o oposto. Felizmente, não se pode matar um gênio, porque os gênios não morrem!
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O Bem e o Mal não existem por si só. Por si só existem as forças que direcionamos para um lado ou para o outro, gestando, aí sim, o Bem e o Mal.

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CRÉDITO DAS ARTES COMPARATIVAS SOBRE AS PLÁSTICAS: Blog "Cartas Para Michael"