MICHAEL JACKSON
- O HOMEM POR TRÁS DA MÁSCARA - (Parte 3)
MICHAEL JACKSON: O Homem por trás da Máscara
PARTE III
Um Homem de Família:
Michael
sempre disse e demonstrou ser um “homem à antiga”. Diferente da esmagadora
maioria dos atuais humanoides, ele sempre prezou a família, embora tenha
passado por dois divórcios. Compreensível, dado ao modo de vida a que foi
condicionado pela fama precoce, dado ao isolamento social a que foi submetido
por causa da fama, dado ao seu entendimento da vida bem diverso do “amor
líquido” dos nossos tempos.
Até
quase a idade adulta, os irmãos foram seus únicos amigos. Vivendo praticamente
dentro de um avião, não havia como sedimentar afetos. Eram simples viajantes,
transeuntes sem raízes, nômades. Restava serem amigos uns dos outros. O único
lado positivo desse estado de coisas foi a união que se sedimentou entre eles.
Aliás, união que nasceu desde as surras de Joe Jackson: eram solidários na dor
e no amor.
Em
sua autobiografia “Moonwalk”, Michael
relembra emocionado do lado bom da sua infância e adolescência. A infância do
menino romântico que pegava escondido as joias da mãe para dar de presente às
professoras, que, nas palavras dele, eram gentis e o adoravam.
Os
Irmãos:
E
o próprio Michael é quem disse: “Jermaine era meu irmão mais chegado. Foi ele
quem me levou para o jardim da infância e eram as roupas dele que ficavam para
mim. Quando ele fazia alguma coisa, eu tentava imitá-lo.
A
época dos Jackson Five foi um período de extrema proximidade com meus
irmãos. Sempre fomos um grupo bastante amoroso e leal. A gente zoava juntos,
descansava juntos, pregava peças absurdas em nós mesmos e em pessoas que trabalhavam
conosco. Não havia televisões voando pela janela do hotel, mas muita água era
jogada nas cabeças lá embaixo. Era o jeito de vencer o tédio na estrada. [...]
Lá estamos nós, confinados naqueles quartos de hotel, não podendo ir a lugar
algum por causa da multidão de garotas gritando na porta, e queríamos nos
divertir. [...] Esperávamos nosso chefe de segurança, Bill Bray, dormir e
apostávamos corrida nos corredores, guerra de travesseiros, disputas de
luta-livre, guerra de creme de barbear. A gente jogava bexigas e sacolas cheias
de água da varanda do hotel para vê-las explodirem. E a gente morria de rir. Ficávamos
horas passando trote no telefone, fazendo imensos pedidos de refeição que eram
entregues em outros quartos. Todo mundo que entrasse em um de nossos quartos tinha
noventa por cento de chance de ser encharcado por um balde d’água, equilibrado
em cima da porta.
Éramos
como os sete anões: cada um diferente do outro, com sua própria personalidade.
Jackie
era o atleta e o que mais se preocupava. Tito era o forte, representava uma
figura de pai, cheio de compaixão. Jermaine era divertido e calmo, e sempre
estava brincando por aí. Foi o Jermaine quem colocou aquele monte de baldes
d’água em cima das portas dos hotéis. Marlon era uma das pessoas mais determinadas
que já conheci. Ele também era um verdadeiro piadista, cheio de pregar peças e
o que mais se metia em encrenca com meu pai porque, nos velhos tempos, sempre
errava um passo ou uma nota.
Todos
ajudavam todos, fazíamos tudo juntos. Assim que alguém dissesse “eu vou nadar”, todos gritavam “eu também”. Jackie e Tito eram os que
nos impediam de abusar nas traquinagens, mas aí Jermaine e Marlon gritavam: “vamos nessa”!
Durante
as viagens, eu sempre dividi o quarto com o Jermaine. Éramos muito próximos no
palco e fora dele. Ele era o irmão mais interessado nas garotas que gamavam
nele e ele e eu começamos a aprontar na estrada.
La
Toya é ótima e ela sempre está por perto, e é muito engraçada também. Se você
entrasse no quarto dela, você não poderia se sentar na cama, nem no sofá, nem
pisar no tapete. Ela iria te expulsar de lá. Se você tossisse na mesa, ela cobria
o prato. Se você espirrava, já era.
Janet
sempre foi sapeca. Ela foi minha melhor amiga por muito tempo e fazíamos tudo
juntos. Tínhamos os mesmos interesses, o mesmo senso de humor e gostávamos das
mesmas coisas. Às vezes, a gente até lia o pensamento um do outro. Quando
éramos mais jovens, levantávamos em manhãs livres e escrevíamos uma tabela pro
dia: acordar, alimentar os animais, tomar café da manhã, assistir desenhos, ir
ao cinema, ir ao restaurante, ir de novo ao cinema, ir pra casa e nadar. Essa
era nossa ideia de um ótimo dia. (JACKSON-1988)
As
Mulheres:
Michael
sempre falou muito pouco dos seus relacionamentos. Discreto e reservado por
natureza, foi muito pouco o que deixou saber sobre sua vida afetiva. Em uma
entrevista à apresentadora Ophra Winffrey, em 1992, ele simplesmente diz, ao
ser perguntado sobre as mulheres com quem se relacionou: “eu sou um cavalheiro”, negando-se a expor ao público a intimidade
de outras pessoas.
Usando
suas próprias palavras, a vida sexual e afetiva de Michael não é anormal: “eu sou apenas diferente nisso”. Tímido
assumido, Jackson não conseguia chamar uma garota para sair, mesmo quando se
interessava muito por alguma. Esperava ser convidado. Ao contrário do que
aparenta, reconhece-se nada romântico. Galanteios, jogos de sedução, nada disso
faz parte do seu repertório com as mulheres. “Eu sou tímido. Eu não sei o quanto sou bom nisso, pois sou tímido. Eu
sou diferente nesse caminho”.
O
assédio despudorado das garotas incomodava o jovem Michael, tanto quanto o
incomodaram na vida adulta: “Elas sempre
estão lá, desde que me conheço por gente”. A lendária “Billie Jean” foi baseada em um incidente no qual uma jovem teria
pulado o muro que cercava a casa de Encino, e ficado escondida na piscina dele.
Mais tarde, ela o processou, alegando que Michael era o pai dos dois gêmeos
dela. Quincy Jones contou que, à época das gravações de Thriller, os dois
estavam no Westtlake Studio e “uma garota californiana muito saudável
passou pela janela do estúdio e puxou o vestido dela até a cabeça. Ela não
estava vestindo nada por baixo. Rod, Bruce e eu ficamos de olhos arregalados.
[...] Viramos e vimos Michael, uma Testemunha de Jeová dedicada, se escondendo
atrás do console.” (JONES – 2002)
Memórias
de Michael registram garotas que o deixavam maluco, indo até o portão de sua
casa, se apresentando como “mulher de
Michael”, ou “estou só deixando a
chave do nosso apartamento”, ou afirmando que havia dormido com ele e
fazendo ameaças. A loucura era tanta que algumas ficavam nos portões de
Hayvenhurst gritando no interfone que Jesus as havia enviado para falar com
ele.
Exposto
a esse tipo de situação onde quer que fosse, Michael se via às voltas com esse
gênero de garotas quando adolescente e jovem; quando homem feito com mulheres
que, ao não conseguirem levá-lo para a cama, chamaram-no homossexual,
assexuado, infantil... Michael é apenas um sábio, mas elas não alcançaram esse
entendimento e denegriram a sua imagem.
Os
amores platônicos:
A
vida afetiva de Michael é marcada por amores platônicos endereçados a mulheres
muito mais velhas do que ele. Michael e os quatro irmãos cresceram longe do
aconchego familiar, pois estavam sempre na estrada. Consequentemente, marcada
também pela falta da mãe, que ficava em casa cuidando do lar e dos outros
filhos. Carência materna? Alma milenar, que fazia dele um senhor no corpo de
criança? // Talvez a busca pela figura materna que o protegesse da violência do
mundo e não apenas que o confortasse sem impedir a violência. Kathe é um
exemplo de mãe consoladora, mas não a protetora e Michael ficava à mercê dos
distúrbios emocionais e irracionais de Joe Jackson.
O
amor mais platônico, mais profundo e duradouro foi pela cantora Diana Ross,
a quem conheceu quando tinha apenas 9 anos e com quem morou por um bom tempo.
Diana era a musa, a deusa, o espelho, o sonho inatingível... A estrela,
pacientemente, ensinava o pequeno Michael a gostar e entender de obras de arte,
e isso o encantava. É um amor espiritual que varou as décadas e nunca acabou.
Talvez porque nunca tenha se materializado, virou magia, e magia tem a marca de
Michael.
“Quando
eu fiquei sabendo que Diana estava se casando, fiquei feliz porque ela estava
feliz, mas era difícil para mim, pois tinha que andar por aí fingindo estar
animado com o casamento dela com um homem que nunca vi. Eu queria vê-la feliz,
mas admito que fiquei um pouco magoado e com ciúmes porque eu amo a Diana e
sempre amarei”
– contou ele. (JACKSON-1988)
Liz
Taylor é um amor nascido da identidade de sofrimento. Ambos
tiveram a infância roubada, os pais duros e brutais, ambos sofreram as infâmias
da mídia, ambos sofreram o julgamento público por sua “infantilidade” fora de
época. São muito parecidos na pureza de alma, no jeito de ver a vida, até na
solidariedade humana. Ficavam alegres e felizes juntos, brincavam, saíam de
mãos dadas, iam ao cinema e comiam pipocas. Liz foi quem patrocinou e organizou
a primeira festa de Natal de Michael, em 1993. Foi ela quem lhe deu de presente
nada mais nada menos do que um elefante, carinhosamente chamado “Gipsy” e que passeava livre e faceiro
por Neverland.
Na
mesma entrevista a Oprah Winffrey, em 1992, Michael revelou que nunca propôs um
romance à Liz porque a imprensa iria transformar tudo em um circo, acabar com a
poesia de tudo. Iriam dizer “que casal
mais estranho!” e iriam dar todas as razões para estarem juntos, menos por
amor. Preferiu preservar a magia de mais um amor espiritual ao nível de uma
amizade especial e inquebrável. “Elizabeth
Taylor é deslumbrante, linda, e ela me acalma.” – revelou Michael. “É como telepatia. Você consegue sentir a
fala do outro e olhar nos olhos e eu a sinto, e ela me sente. [...] É como se
comunicar silenciosamente”.
Acostumado
ao aquário da fama, Michael convidava Liz a ir com ele para o estúdio da Warner
Bross assistir filmes. Disposta a arrancá-lo da clausura ela rebatia: “Não, vou te levar para a rua”, e iam
toda 5ª feira em um cinema, em que uma das sessões começava à uma hora da
tarde. Como o resto do mundo estava trabalhando nesse horário, os dois pegavam
o cinema praticamente vazio. Michael sorri ao lembrar-se do espanto dos
funcionários: “Uau, oh meu Deus!
Elizabeth Taylor e Michael Jackson! Venham!” E eles ganhavam os ingressos e
a pipoca.
O
que mais encantava Michael em Liz era sua alma criança. Quando ela dizia “eu não quero fazer isso”, não havia nada
o que fazer. Ele se recorda de quando foi lançado o desenho “Vida de Inseto” e
ela o perseguiu até ajustar sua agenda de compromisso e o carregou para o
cinema.
Nas
palavras de Michael, Liz adorava Neverland, onde andava de carrossel e na roda
gigante, brincava com qualquer jogo, adorava nadar e assistir desenhos e era
muito boa com as crianças.
Ele
conta: “É brincalhona, jovial, feliz e acha uma forma de rir mesmo quando está
sofrendo. [...] Ela esteve comigo na maior parte da turnê Dangerous e nos
divertimos muito. Ela é madrinha de Prince e Paris, e Macaulay é o padrinho.
[...] Ela reteve aquelas qualidades da menininha, ela tem esse brilho como uma
criança... é tão doce! [...] Gostamos das mesmas coisas: circos, parques de
diversões, animais. [...] Nós somos como irmão e irmã, mãe e filho, amantes...
é algo especial. [...] Ela diz que me adora e que faria qualquer coisa por mim.
[...] Ela é um cobertor quente de pelúcia, em que eu amo me aconchegar e até me
cobrir. Eu posso confiar e confiar nela. Elizabeth é alguém que me ama,
realmente me ama. (MICHAEL JACKSON)
Amor
incondicional e puro, amor solidário. Quando Michael sofreu a primeira acusação
de pedofilia, estava em meio à turnê Dangerous.
Quando magoado com alguma coisa ou sob forte pressão, ele parava de comer por
dias, semanas, às vezes até o ponto de desmaiar. Pacientemente, Liz pegava a
colher, abria a boca do amado e o fazia comer, dizendo que não o deixaria
partir sem ela. Michael conclui: “Ela foi
uma das pessoas mais gentis que conheci neste Planeta. Ela e eu tomamos conta
de Ryan White e pagamos as despesas médicas dele”.
Os
amores reais:
Michael
admitiu que a primeira que considerou uma namorada foi Tatum O’Neal,
atriz e filha do ator Ryan O’Neal. Ele tinha 16 anos e ela 13. Ele conta: “Ryan e eu fomos a um clube e estávamos
assistindo uma banda. Por debaixo da mesa ela estava segurando minha mão e eu
estava derretendo. Foi mágico. Havia fogos de artifício explodindo. Era tudo
que eu precisava. Mas isso não significa nada para os jovens de hoje”.
Essa
alma milenar encantava-se com a linguagem dos pequenos gestos, com a magia dos
olhares, com o encanto dos sorrisos furtivos... coisas que não têm mais
significado algum nos relacionamentos de hoje. Tudo muito líquido e fugaz,
fugidio. A alma de Michael estava acostumada à robustez dos sentimentos sólidos
e duradouros. Nunca encontrou respostas aos seus apelos.
Apesar
de Michael não ter mencionado – como não mencionou outras mulheres que passaram
por sua vida - Stephanie Mills, atriz, namorou Michael de 1975 a 1979.
Conheceram-se nas filmagens de The Wiz,
quando ela havia sido escolhida para fazer o papel de Dorothy, mas foi
substituída por Diana Ross, porque era mais conhecida. Em entrevista a uma
emissora de rádio americana, Stephanie fala de Jackson com muita admiração: “Michael é muito homem e é muito amoroso,
cuidadoso e tudo mais, mas nós nunca fizemos sexo. Isso é algo que eu nunca
tinha falado. Ele era realmente um tipo diferente de garoto sabe? Michael tem
beijos ótimos. Ele é um ‘beijador’”.
Os
olhos brilhavam e a emoção tomava conta da voz, quando Michael falava de Brooke
Shields. Outra namorada e entusiasticamente eleita como “um dos amores da minha vida”, talvez um
dos únicos materializados. Michael e Brooke eram vistos frequentemente em
público, mãos dadas e uma alegria contagiante no semblante dos dois. Parecia
divertirem-se enormemente na companhia do outro. Jackson revelou que mantinha
fotos de Brooke pelas paredes e espelhos de sua casa.
Ele
revela o primeiro encontro: “Eu estava no Academy Awards com Diana Ross e ela
se aproximou de mim, dizendo: “eu sou
Brooke Shields. Você vai à festa depois?” Eu respondi “sim”. Eu tinha uns 23 anos. [...] Então, fomos para a festa e ela
perguntou: “dança comigo?” Fomos para
a pista de dança. E, cara, eu fiquei pulando pelo quarto a noite toda de tanta
felicidade. [...] Tivemos um encontro onde ela ficou realmente afim e eu me
acovardei. Eu não devia. E eu sinceramente gostava dela também, gostava muito”.
(BOTEACH-2009)
Como
água e azeite, uma mistura que não se processa nunca, Michael e Madonna
andaram tentando um relacionamento. Mas, obviamente, enquanto Madonna era 100%
sexual, Michael era 100% espiritual e os dois mais se estranhavam do que se
curtiam. Quando saíam, a briga era porque Madona queria ir para um clube de strippers e Michael queria ir para a Disneylândia.
Era uma guerra de valores e visões antagônicas que jamais teria consenso. Michael
revelou uma cena patética, quando estavam jantando em um restaurante e algumas
crianças se aproximaram pedindo autógrafos. Madonna enfureceu-se e disse “saiam daqui, deixem-nos em paz!” Foi a
vez de Michael virar uma fera: “Nunca
fale assim com uma criança!” “Cale a boca” – retrucou a popstar. “Não, cale a boca você”. Embora nada tivessem em comum, eles
chegaram a se interessar um pelo outro, mas foi impossível engatar um romance. “Ela gostava de valores chocantes e fazia
coisas muito loucas. Foi assim que tudo terminou”. Na época, Madonna foi
para a imprensa falar mal de Michael.
Anos
depois, após alguns poucos meses de namoro, Michael e Lisa Marie Presley
casaram-se em segredo. Esse evento intempestivo tem uma explicação: Michael
decidiu que estava na hora de ser pai. A herdeira de Elvis Presley, Michael
conheceu quando a pequena tinha apenas 7 anos. Bonita, gentil e doce, Lisa, que
já era mãe em seu primeiro casamento, seria a mulher ideal para gerar os filhos
do Rei. Mas as coisas não saíram como Michael havia imaginado e seu sonho de
ser pai foi ficando distante, muito distante e, assim, as diferenças entre o
casal foram ficando gritantes e insustentáveis; as decepções e mágoas,
consequentemente, tomaram proporções.
A
doce Neverland de Michael não tinha o
mesmo significado para Lisa. Michael relata: “Ela nunca morou em Neverland. Morávamos na casa dela, na cidade e, de
vez em quando, visitávamos Neverland. Era como um grande final de semana
divertido. [...] Neverland é um lugar feito para a família, para reunir pessoas
através do amor, de um espírito de brincadeira e da natureza. É curativa”! Mas
os problemas não se restringiam à Neverland.
Lisa tinha ciúmes das crianças que conviviam com Michael, não entendia seu amor
pelos pequenos desvalidos, não estava à altura de compreender que, para um
missionário, a missão está acima de tudo. Começaram as cobranças, as
discussões, os desentendimentos, as exigências. “Eu me lembro que Lisa Marie me dizia: ‘eu não sou uma mobília...’ Eu
respondia: ‘eu não quero que você seja mobília’. Havia uma garotinha doente ao
telefone e ela ficou zangada, bateu o telefone na cara dela. E, sabe, eu sinto
que essa é minha missão, Shmuley. Eu tenho que fazer”. (BOTEACH-2009)
Porém,
Michael reconhece que Lisa era ótima em visitar hospitais e orfanatos com ele.
Era doce com as crianças e tinha compaixão. Mas, por outro lado, era muito
territorial. Para ela, os seus filhos eram o mais importante e para Michael
todas as crianças do mundo têm a mesma importância. Foram muitas e acaloradas
discussões a respeito entre o casal. Ele teimava: “Não, todas as crianças são nossos filhos”. E Michael revela que Lisa nunca gostou desse lado dele. Uma das
brigas mais memoráveis e que veio a público na época foi quando dois garotos
mataram um outro garoto em Londres e Michael queria ir visitá-los na prisão,
pois haviam obtido pena perpétua e eles tinham apenas entre 10 e 11 anos. “Seu idiota!” - esbravejou Lisa Marie
para Michael – “Está recompensando-os
pelo que fizeram?”. “Como ousa dizer isso?” – contestou Michael – “Eu aposto que se você traçar a vida deles
vai ver que não tiveram os pais por perto, que não tiveram amor algum, ninguém
para abraçá-los, para olhar nos olhos deles e dizer ‘eu te amo’. Eles merecem
isso, mesmo pegando pena perpétua. Eu apenas quero dizer ‘eu te amo’ e
abraçá-los”. Dias mais tarde, confirmou-se a informação de que essas
crianças vieram de famílias desfeitas e que nunca foram cuidadas. Ao contrário,
“o que as acalmava eram filmes do Chucky,
com todas aquelas facadas e matanças. E foi assim que eles ficaram
condicionados”. Michael queixou-se que, mesmo depois de saber desses fatos,
Lisa continuou achando que ele estava recompensando crianças ruins.
Com
tantos desencontros de visão e entendimento, a química sexual não seria
suficiente para segurar um casamento por muito tempo. Talvez Lisa tenha se
acovardado e começou a negar-se a engravidar de Jackson, com medo de uma
batalha judicial pela guarda dos filhos, já prevendo uma separação. Michael
jamais aceitaria viver longe dos filhos que tanto queria e muito menos que os
mesmos fossem educados por alguém que não fosse ele próprio. Foi a gota d’água.
“Eu queria filhos e ela não” – resume
Michael – “E ela me prometeu antes de nos
casarmos que a primeira coisa que faríamos seria ter filhos. [...]
Desapontou-me que ela não tenha cumprido a promessa que fizera para mim”.
Lisa
pediu o divórcio e, nesse momento, entra Deborah Jean Rowe (Debbie Rowe)
na história afetiva de Michael. Amiga e confidente desde 1980. Ele estava
arrasado com a negativa de Lisa Marie e Debbie simplesmente lhe diz: “Você precisa ser pai, então seja!”. Amando
Michael há anos, Debbie deu provas desse sentimento e engravidou do primeiro
filho do casal, Michael Joseph Jackson Jr, conhecido como Prince. Casaram-se no
final de 1996, logo após o divórcio de Michael e Lisa. Debbie resistiu
bravamente à enxurrada de lixo midiático jogada sobre o casal. Em entrevista à
Revista Magazine, em 1997, Michael resumiu: “Debbie
e eu amamos um ao outro por todas as razões que você nunca vai ver no palco ou
em fotos. Sinto-me devido a ela, ela caiu para mim, basta ser eu mesmo. [...]
Debbie é uma mulher muito forte e solidária”. Debbie, por sua vez, não
poupou elogios ao marido e pai de seu filho, ao ser perguntada como se sentia
tendo se casado com o homem mais famoso do mundo: “O que eu fiz foi casar e ter um bebê com o homem que sempre amei e
estou no topo do mundo. O único momento em que me sinto triste é quando vejo
declarações atribuídas a mim que eu nunca dei ou quando ouço comediantes
fazendo piadas baratas sobre meu marido, quando elas não são verdadeiras. Não
acredite em 99% do lixo que você lê e ouve. Sei que estaremos sob crescente
análise pública e eu não tento me adiantar a isso, mas sei que será sempre uma
parte de ser casada com Michael”.
O
casal teve também uma filha, em abril de 1998, a quem chamaram Paris Michael
Katherine Jackson. Um ano depois, Debbie Rowe também pediu o divórcio, alegando
não ter suportado a pressão de ser mulher de Michael, de sentir-se sufocada em
não poder viver livremente, sem ser escoltada por um bando de seguranças até
para ir ao supermercado. Não suportou estar na mira das câmeras dos paparazzis
24 horas por dia e ver sua imagem exposta a piadas, fofocas e invenções
descabidas da imprensa tabloidiana.
Daí
em diante, se Michael teve algum envolvimento afetivo, este não veio a público.
Especulações dão conta de que havia alguém, e durante um bom tempo, mas no
anonimato. Os achismos apontaram para a governanta dos filhos de Jackson, a
ruandesa Grace Rwaramba, que trabalhou com o astro por 17 anos. Com ela,
Michael dividiu a responsabilidade de educar seus três herdeiros: Prince, Paris
e Blanket. Presença marcante ao seu lado, mesmo quando as crianças não estavam
junto, Grace demonstrava gozar da mais absoluta confiança do Rei e sempre foi
mais do que uma simples governanta. Eficiente conselheira, era tida como o
braço direito e esquerdo de Michael, e uma conhecida ativista em causas
humanitárias na África, principalmente com relação à AIDS, e contava com irrestrito
apoio do artista.
Michael
tinha consciência da extrema dificuldade de uma estrela mundial permanecer
casado, por conta da pressão pública. Não há intimidade, não há privacidade,
não há respeito humano com relação à vida privada dessas pessoas. Entende e
quase se resigna com um destino solitário:
“É difícil. É por isso que é difícil para mim. Não é fácil para celebridades
permanecerem casadas”. Imagine, então, quando essa celebridade é Michael
Joseph Jackson. Um Ser especial e único, inteiro e indomável. Cercear a
liberdade de Michael é vê-lo escapar por entre os dedos, como as indomáveis
águas do oceano. As mulheres que passaram por sua vida não entenderam isso;
quiseram moldá-lo sob a forma socialmente aceita... Viram-no distanciar-se
delas para manter-se íntegro consigo mesmo.
“Eu
não sou fácil de conviver dessa forma para uma esposa. Eu não sou fácil e sei
que não sou fácil. Porque eu dou o meu tempo para outra pessoa. Eu dou para as
crianças, para alguém que está doente em algum lugar, para a música... E as
mulheres querem ser o centro. [...] Mas é difícil me amarrar. Eu não consigo
ficar em um lugar só e é por isso que eu não sei se eu posso mesmo ficar
completamente casado, em tempo integral. [...] Eu não sei se sou disciplinado o
bastante, porque eu sou como um “pedra
rolante”. Eu tive um tipo de vida bem corrida, onde estou sempre me mudando
e as mulheres não gostam disso. Elas querem que você se fixe em um lugar só, o
tempo todo, mas eu tenho que me mudar. Eu tenho estado na mesma cidade onde
está minha casa e vou para um hotel só para sentir que estou indo para algum
lugar”. (BOTEACH-2009)
O
que dizer, então, da mulher ideal? No mundo em que vivemos seria preciso
“encomendar” uma que se encaixasse na lógica espiritual de Jackson: “mulheres femininas, que têm classe, são
quietas e não essa coisa toda sexual e toda essa loucura, pois eu não estou
nessa. [...] É preciso um molde muito especial para me fazer feliz.” Um
molde que inclua gostar de brincadeiras, fazer coisas do tipo colecionar
quadrinhos e ser bonita por dentro. “É
raro. Se eu achar uma, vou ficar doido!”
Essa
declaração de Jackson pode corroborar o comentário de sua irmã La Toya de que,
apesar de ter-se casado duas vezes, Michael nunca se apaixonou de verdade.
Não
é qualquer mulher que se sujeitaria a viajar o mundo inteiro, visitando
orfanatos, hospitais e favelas, ao invés de frequentar restaurantes de luxo,
teatros, festas, etc.! Não é qualquer mulher que se sujeitaria a acordar cedo
todos os finais de semana para receber um bando de crianças pobres e outras
tantas doentes para passar o dia em sua casa! Não é qualquer mulher que
confortaria um marido que vai para a cama chorando porque uma criança, que nem
é sua parenta, morreu de câncer e ele não pôde evitar! Não é qualquer mulher
que concordaria em abrir mão de grande parte de seu patrimônio porque o marido
resolve doar sem limites. Michael não pensava se aquela soma doada lhe fará
falta para saldar seus compromissos imediatos. Primeiro doava, depois resolvia
os problemas financeiros pessoais! Não é qualquer mulher que bancaria a lógica
espiritual de um marido que resolvesse ir a um presídio conversar com uma
criança que acabara de cometer um assassinato coletivo, por entender que ela
chegou a esse ponto porque nunca teve amor, nunca conheceu o Amor. Ele iria lá
só para dizer "Eu te amo"! Não é qualquer mulher que bancaria
um marido que queria ter-se encontrado com Adolph Hittler, antes que ele
tivesse cometido as atrocidades que cometeu, por achar que seus argumentos de
Amor poderiam ter mudado essa história triste! As pessoas comuns não entendem a
lógica espiritual de Michael, porque estão aquém da condição evolutiva dele...
aí ele se torna idiota, excêntrico, polêmico, bizarro, Wacko Jacko...
Ele
cita Lady Diana como seu ideal de mulher não porque era loira, bonita, magra,
alta, bem vestida... Ele cita Diana porque era gentil, discreta, amorosa e
comprometida com as causas humanistas. Essa é a lógica de "mulher
ideal" para Michael. Uma mulher assim ele teria amado e não apenas se
apaixonado!
Nas
palavras da articulista Daniele Soares: Possivelmente, Michael também encontrou
suas "Wendies" na vida.
Mulheres que ele amava, mas que queriam de alguma forma mudar seu
comportamento, deixando-lhe nenhuma outra opção senão a da escolha. A escolha
da liberdade. E liberdade é exatamente o que representa Peter Pan. É estar
livre não somente da idade adulta, mas também dos padrões polidos. É estar
livre, principalmente, para saber os momentos certos de vivenciar o espírito
infantil. Portanto, quando Michael diz que é Peter Pan, não pense que ele está
sendo falso e simplesmente vendendo uma imagem de inocência. Ele é, de fato,
Peter Pan de coração, mas muitos simplesmente ainda desconhecem o que Peter Pan
realmente representa. (SOARES-2002)
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